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8 de dezembro de 2010

A Lenda da Padroeira de Angra

Foto: luis fernando laraCorria o ano de 1632, Angra dos Reis, crescia... as fazendas, as lavouras, os canaviais, os cafezais começavam a aparecer, era grande e produtivo o labor humano. Crescia uma população nobre, feliz, hospitaleira e temente a Deus. A caminho da Vila de Itanhaém, singrava nossos mares, belo veleiro, levando a seu destino uma carga preciosa... A marujada, sempre alegre, afoita à lida do mar, se entregava ao timão, em aprestar as velas, contando já com o descanso e os prazeres que teriam ao fim da jornada. Eis, porém, que tudo muda de repente.

O céu se cobre em negras nuvens, forte ventania começa a enfunar e desbaratar as velas, o mar se encrespa, a nau em apuros, sem condições de seguir seu rumo, envereda então na baía que lhe está mais próxima, procurando ali um ancoradouro seguro até passar a borrasca. Passada a tempestade, saem os grandes da terra a ver os estragos causados por tão grande tormenta. Dirigem-se ao cais, pois já haviam pressentido os problemas que a nau e sua tripulação passaram. Demonstraram sua solidariedade e souberam pelo comandante da nave para onde iam e o que levavam: era uma belíssima imagem da Virgem da Conceição.

Mostraram-se os nossos conterrâneos desejosos de ver tão bela obra, mas lhes foi negado, por estar lacrada a caixa em que vinha a imagem. Amainado a tempo, consertado, o barco, sai ao seu destino, para cumprir sua tarefa. Mas novamente se forma a borrasca e a nau, passando por novos estragos, retorna a nosso cais. Mais uma vez se aproxima o pessoal da terra, e os edis se propõem a ficar com a imagem, porém o comandante se nega por a mesma estar destinada à Vila de Itanhaém. Feitos os reparos precisos, o barco se faz ao largo. Fora das águas da baía, novo temporal se forma. De límpido, o céu se torna um negrume; das águas mansas, vagalhões imensuráveis varriam o tombadilho, a ponto de carregar o mais calejado marinheiro, uma tormenta em todo o seu furor.

O barco à deriva, a ponto de sossobrar, sem a menor esperança de salvação, o comandante pede: "Salva-nos, Nossa Senhora da Conceição! Vejo que é de vossa vontade dessa terra não sair, salva-nos, que aqui a iremos deixar." E assim foi feito. Prontamente acalma-se o tempo, o barco volta a nossa Angra, e os angrenses, com todo o amor filial, recebem a preciosa imagem e tomam para sua padroeira a Virgem Imaculada Nossa Senhora da Conceição. Conta também a lenda que, ao voltar a nau o nosso porto, grande cardume de peixes ainda não vistos nessas paragens a acompanhavam. E a cavala, o peixe mais saboroso, passou a ser o prato típico da região. E mais ainda: a espinha do centro da cabeça da cavala tem a forma da imagem de Nossa Senhora. É só cozinhar inteira e comprovar.

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