Angra dos Reis deverá ter banco de leite municipal

O projeto para criação de um banco de leite em Angra dos Reis, de autoria da Vereadora Lia, que foi aprovado pela Câmara dos vereadores aguarda, agora, a apreciação do prefeito Tuca Jurdão (PMDB). Enquanto o Executivo não emite um aval para a realização do empreendimento, alguns moradores se mostraram favoráveis à implementação do projeto.

Suzana Gonçalves - mãe pela primeira vez - já está preocupada com a saúde do bebê. Para ela, é importante que a cidade tenha um banco de leite.
- Não sabemos o dia de amanhã. Deus que me livre, mas vai que acontece alguma coisa que me impeça de amamentar meu filho. Nessa hora seria mais do que essencial que houvesse um banco de leite em Angra, seria a salvação de uma criança - destacou Suzana.

A dona de casa Josiana Christine está na quarta gestação e teme passar novamente pela experiência de amamentar o filho com dificuldade. Ela destaca que o banco já deveria ter sido criado há muito tempo.
- Tive problemas de saúde na minha primeira gravidez e não pude amamentar. Quantas crianças já não devem ter morrido de fome por isso? O governo já deveria ter pensado em um banco de leite há muito tempo - disse.

Deslocamento até VR para amamentação

Para a Vereadora Lia (PT), autora do projeto, o empreendimento já era uma solicitação antiga das mães que, impossibilitadas de amamentar, tinham a necessidade de se deslocar até Volta Redonda a fim de conseguir dar aos seus filhos leite humano e não fórmulas preparadas. A parlamentar alega que a criação do banco se justifica pela melhoria da qualidade de vida que poderá ser oferecida às crianças do município com a implantação da instituição.

- Um estudo do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) afirma que as crianças que são amamentadas com leite materno até o sexto mês de vida, pelo menos, possuem menor chance de desenvolverem algumas doenças durante a infância como a pneumonia - lembrou Lia, que se baseou nos trabalhos dos bancos de leite de alguns municípios para a elaboração da proposta angrense.
A responsável técnica do Banco de Leite de Volta Redonda - instituição referência na região Sul Fluminense -, Tatiane Lúcio Chaves, disse acreditar que a implantação de um banco de leite em Angra irá trazer benefícios para a sociedade. Segundo ela, oferecer o leite materno ao bebê funciona como uma medida preventiva, já que o alimento tem o poder de evitar que a criança venha a se tornar um adulto com problemas no coração.
- O teor de gordura deste leite é ideal para evitar que no futuro a pessoa seja um cardiopata. Até o sexto mês de vida o neném deve ser alimentado exclusivamente pelo leite materno, pois ele possui todos os nutrientes que podem garantir o crescimento saudável da criança - esclareceu.
Conforme destacou Tatiane, o banco atende às crianças que tenham nascido prematuras, que se encontram abaixo do peso e as que possuem alergia ou intolerância a fórmulas.
- O leite doado é pasteurizado, e por isso quando ofertado está estéril, sem qualquer risco de contaminação - contou.
Segundo a vereadora Lia, se o projeto for aprovado Tuca Jordão ele deverá ser encaminhado para a Fundação Casa.
- A realização deste empreendimento não deverá ser onerosa para os cofres da prefeitura - comentou.
A responsável técnica pelo banco de Volta Redonda afirmou que a nova estrutura do local, inaugurada há quase um ano e seis meses, teve o custo de R$ 149 mil reais subsidiados pelo município.
- Foram comprados novos freezers, equipamentos e mobiliário para acomodar as mães. Tudo feito em conformidade com as normas da Vigilância Sanitária - afirmou.

Doação não provoca problemas

De acordo com Tatiane, algumas ideias sobre a doação de leite são equivocadas e precisam ser desmistificadas. Segundo ela, as propriedades do leite materno se modificam para satisfazer plenamente as necessidades da criança, não sendo necessário adicionar outros elementos a alimentação do bebê.
- Substituir o leite materno por outras fórmulas tende apenas a aumentar a quantidade de carboidratos no organismo do neném e provocando, assim, o aumento do seu peso, e isso não significa que ele esteja recebendo os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento - destacou.
Sobre a insegurança de algumas mães - que temem doar o leite e ter a quantidade de alimento para oferecer ao filho comprometida -, ela afirma não haver este perigo.
- A sucção do neném é um estimulo para a produção de leite, o organismo se organiza para possibilitar a amamentação. Este processo é benigno, visto que diminui o risco da mulher desenvolver câncer de colo de útero e ajuda a mãe a retornar ao seu peso normal de maneira mais rápida - afirmou Tatiane.
Enquanto o empreendimento de Angra não fica pronto, as mães da região da Costa Verde que quiserem doar o leite materno (ou necessitarem de auxílio para amamentar) podem contatar o Banco de Leite de Volta Redonda através do telefone 3348-9954.

Fonte: Diário do Vale