Filiados e delegações do Partido dos Trabalhadores de todo país confirmaram neste sábado (20/02) a indicação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, como pré-candidata única do PT ao Planalto nas eleições deste ano. O referendo aconteceu no terceiro dia do 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores, que acontece em Brasília.A chegada da ministra foi aplaudida de pé pelos mais de 1.300 pessoas. Na cerimônia, antes de Dilma ser convidada a subir no palco, foi realizada uma rápida apresentação musical, enquanto um grupo de mulheres montava um arranjo com flores do Cerrado, no estilo japonês, ikebana.
O presidente da Câmara dos Deputados e do PMDB, Michel Temer, participou do encontro. Ele chegou ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama, Marisa Letícia. O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, também estava presente.
"Foi me dada uma tarefa extremamente difícil: vir aqui para convencer vocês a votar na Dilma", disse Lula, irônico.
A mesa do evento foi composta pelo vice-presidente, José Alencar, ministros, senadores, governadores, representantes da Une (União Nacional dos Estudantes), Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Central
dos Movimentos Populares.
A apresentação da candidatura sem concorrência interna repete a receita de 2006, quando não havia dúvidas de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sairia novamente pela legenda para apostar na reeleição.
No que se refere à rejeição do eleitorado à ideia de Dilma como candidata, a última pesquisa da CNT/Sensus identificou que este índice caiu: em novembro passado era de 34,4%, e em janeiro apontava 28,4%. Segundo o levantamento, houve uma redução pela metade na diferença entre ela e o possível pré-candidato do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra: de 10,1% em novembro para 5,4% em janeiro. O tucano registrou 33,2% e a ministra teve 27,8% das intenções de votos na última pesquisa.
A candidata escolhida por Lula não terá de passar pelo mesmo que Lula viveu em 2002. Ele teve de ser submetido a uma prévia dentro do partido, em que concorreu com o senador por São Paulo, Eduardo Suplicy – que angariou cerca 15% dos votos.Suplicy, que tem se envolvido em polêmicas nos últimos anos, foca no momento em uma outra briga: sair como pré-candidato ao governo de São Paulo. Podem fazer frente a ele nomes como o da ex-mulher e ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, do senador Aloizio Mercadante e do ex-ministro da Fazenda e deputado federal, Antônio Palocci. Também não estão descartados o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, e o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Uma possibilidade ainda não rejeitada para ter apoio do partido em São Paulo é a do deputado da base aliada, Ciro Gomes (PSB-CE) que, em caso de apoiar a candidatura de Dilma em nível nacional, poderia ser o candidato do PSB para o governo paulista.
“Todos aceitaram a Dilma em consenso e, eu, em especial”, revelou o senador Eduardo Suplicy (SP). “Da minha parte, eu disse a Dilma Rousseff que compreendo os méritos que a fizeram ser a escolhida. E ela compreendeu a minha parte e o meu programa renda cidadã foi aprovado como emenda de aperfeiçoamento ao programa Bolsa-Família, pelo programa do PT”, completou.
O deputado federal José Genoíno, no entanto, ressaltou que “o programa do PT não é o programa de Dilma”, e sim parte dele.
Sobre a candidatura única, o deputado federal Ricardo Berzoini alegou que não houve inscritos e o consenso do partido fechou com o nome da ministra.
"Ela [Dilma] tem histórico de militância de esquerda, participou dos principais feitos do governo Lula. A candidatura única é uma mostra expressiva da unidade do PT”, defendeu Genoino.
Biografia:
A mineira de Uberaba, Dilma Vana Rousseff, ocupou a cadeira de ministra-chefe da Casa Civil desde a demissão de José Dirceu, em 2005. Ainda no governo Lula, foi ministra de Minas e Energia de 2003 a junho de 2005. Antes de filiar-se ao Partido dos Trabalhadores, em 2001, Dilma era do PDT. Nas décadas de 1980 e 1990 atuou no governo do Rio Grande do Sul, nas secretárias da Fazenda e de Energia, Minas e Comunicações, e nos governos de Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
Na juventude, participou da luta armada contra a ditadura militar. Teve atuações como militante no Polop (Política Operária), no Colina (Comando de Libertação Nacional), e no VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Foi torturada e ficou presa por quase três anos.
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