Em suma, as escolas públicas e privadas estão sendo habitadas por uma população de vândalos - adolescentes que buscam concentrar seu ódio em algum ponto para mostrar a sua aversão às regras e à disciplina da civilidade.
Os professores estão cada vez mais temerosos. Já se fala em fobia escolar. Muitos deles têm medo de entrar na sala de aula, pois sabem ser impotentes para enfrentar a agressividade da adolescência dos dias de hoje.
A situação é muito grave. Os professores culpam os pais. Os pais culpam os professores. Professores e pais culpam os diretores. Os diretores culpam as autoridades educacionais e assim vai.
"A violência que ronda as escolas atinge todas as classes sociais, mas é mais presente nos bairros mais carentes. "Muitas vezes a violência é em decorrência de um histórico familiar de brigas, drogas e prostituição", enumera um policial que integra a Patrulha Escolar."
A FAMÍLIA
De todas as explicações, impressiona-me a que analisa com profundidade a nova família. O mundo mudou muito nos últimos 50 anos e a família mudou mais ainda.
No passado, errava-se pelas agressões autoritárias praticadas contra os filhos por motivos banais. Hoje, erra-se pela falta de regras com que são criados os filhos. Penso ser pouco numeroso o grupo de alunos que são disciplinados em casa e indisciplinados na escola. O comportamento escolar reflete, em grande parte, o que é ensinado pelos pais.
Os pais modernos ficaram sem tempo para educar os filhos. Estes tendem a ficar sozinhos em casa ou envolvidos por verdadeiras gangues cujo padrão de comportamento vai do assalto verbal à agressão física, passando pelas drogas e sexo descontrolados.
A família moderna terceirizou a educação dos filhos - deixando-os a cargo de empregadas sem tempo e preparo para substituir os pais ou simplesmente deixaram os filhos como reféns de grupos que cultivam o desrespeito. Mas o problema está longe de ser resolvido porque os adolescentes agressivos e violentos estão, na verdade, mostrando o resultado do abandono familiar. É um problema de grande gravidade que não se resolve com atos de governo ou punições dos jovens. Os pais têm de se conscientizar que a escola não pode consertar o que eles estragam em casa
BULLYNG
O termo bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas entre pares causando dor e angústia, que ocorrem dentro de relações desiguais de poder.
A prática de bullying tem causado sofrimento e desorganização na vida dos educandos, podendo também ocasionar depressão, evidenciada em situações de alunos que iniciaram tratamento com medicamentos em decorrência do bullying sofrido na escola
Diversos estudos mostram que os bullies “têm muita liberdade e muito pouco amor em casa”. Foram identificados quatro fatores no ambiente familiar positivamente correlacionados com o desenvolvimento de comportamento agressivo:
- Negativismo, particularmente por parte da mãe
- Indiferença, negligência e rejeição pelos cuidadores primários
- Permissividade para atos agressivos
- Métodos de criação severos e punitivos
Ao estudar os fatores familiares que contribuem para o bullying, notou-se que os seguintes fatores apareciam consistentemente:
- Vida em família caracterizada por frigidez emocional
- Maior probabilidade de organização caótica do lar
- As famílias dos bullies tendiam a ser socialmente isoladas
- Conflito e desarmonia dos pais
- Práticas de educação dos filhos ineficientes
- Rigidez em manter a ordem da família
AÇÕES PARA O PROBLEMA
A Justiça Restaurativa, é uma abordagem colaborativa e pacificadora para resolução de conflitos de forma não violenta. A justiça restaurativa é um mecanismo já usado em outros âmbitos para a resolução de conflitos de forma extrajudicial, com participação mais efetiva dos envolvidos e de outros membros da comunidade.
Uma de suas premissas é a substituição da punição do infrator pela restauração da relação entre as partes.
Em São Caetano do Sul, o juiz Eduardo Rezende Melo, da 1ª Vara da Infância e Juventude, coordena desde 2005 um projeto de justiça restaurativa em escolas públicas da cidade.
O projeto tem apoio da Secretaria da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça e financiamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A Patrulha Escolar Comunitária é a alternativa inteligente que a PMPR encontrou para assessorar as comunidades escolares na busca de soluções para os problemas de segurança encontrados nas escolas.
O envolvimento dos órgãos de segurança com o fim da violência escolar pode trazer resultados eficientes quando o foco é a educação, ao invés da repressão.
Um dos exemplos é o Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência (Proerd), promovido pela Polícia Militar.
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